1940 -
Lançamento de Contos pesados.
Traduções: História do futuro, A
formação da mentalidade, História
da bíblia e A epopéia americana.
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"Continuo
traduzindo. A tradução é minha pinga.
Traduzo como o bêbedo bebe: para
esquecer, para atordoar. Enquanto
traduzo, não penso na sabotagem do
petróleo". São Paulo, 15/4/1940. 24/5/1940
Em nova carta a Getúlio Vargas Lobato
reitera suas denúncias e acusa o
Conselho Nacional do Petróleo de agir a
favor dos "interesses do
imperialismo da Standard Oil e da Royal
Dutch", perpetuando "a nossa
situação de colônia americana dos
trustes internacionais". Na mesma
ocasião, e nos mesmos termos, envia
carta ao general Góis Monteiro, chefe do
Estado-Maior do Exército, em que diz:
"sou obrigado a continuar na
campanha [do petróleo], não mais pelo
livro ou pelos jornais, porque já não
temos a palavra livre, e sim por meio de
cartas aos homens do poder".
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22/8/1940
O general Júlio Caetano Horta
Barbosa, presidente do Conselho Nacional
do Petróleo, remete um longo ofício a
Vargas onde relata sua versão dos fatos,
que "falam mais claro que a arenga
do Sr. Monteiro Lobato". 30/12/1940
A rádio BBC, de Londres, irradia em
diversos idiomas artigo-entrevista em que
Lobato faz uma retrospectiva do regime
republicano no país, "caracterizado
pela progressiva restrição das
liberdades civis e da garantia de
direitos". Afirmando a admiração
dos brasileiros pelos ingleses
justamente na época em que Vargas
flertava com a Alemanha e o nazi-fascismo
, o escritor investe contra a
tirania e a figura de um "Ditador
Total", numa clara alusão a
Getúlio e ao Estado Novo.
1941 -
Lançamento de A reforma da natureza
e O espanto das gentes.
Traduções: Lágrimas de homem, O
livro da jangal, Por quem os sinos
dobram e Educação e vida
perfeita.
Janeiro de 1941 O
governo funda a Companhia Siderúrgica
Nacional e inicia a construção da Usina
de Volta Redonda.
6/1/1941
Com base em ofício enviado pelo
general Horta Barbosa, presidente do
Conselho Nacional de Petróleo, alegando
"injurioso ataque ao Chefe da
Nação, ao Departamento Nacional da
Produção Mineral" e ao CNP
lançado por Lobato, "pela conduta
que tiveram ou tem tido na direção da
política de petróleo em nosso
país", o Tribunal de Segurança
Nacional solicita ao Chefe de
Polícia de São Paulo a abertura de
inquérito policial.
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27 e
28/1/1941 Equipe da Delegacia
Especializada de Ordem Política e Social
(DEOPS), acompanhada de um representante
do Ministério da Guerra junto ao
Conselho Nacional de Petróleo, invade a
residência e, em seguida, o escritório
de Monteiro Lobato. O escritor é levado
à DEOPS, qualificado e transferido para
a Casa de Detenção (Presídio
Tiradentes), onde permanece
incomunicável durante quatro dias. Em
nova operação policial, desta vez na
sede da Companhia Matogrossense de
Petróleo, são apreendidos mais
documentos. |
30/1/1941
Conduzido novamente à DEOPS e interrogado,
Lobato assume inteira responsabilidade sobre as
cartas enviadas a Vargas e Góis Monteiro. O
escritor é libertado.
21/2/1941
Monteiro Lobato entra com pedido de passaporte a
fim de poder viajar à Argentina, onde pretendia
editar algumas de suas obras.
28/2/1941
O Tribunal de Segurança Nacional conclui a
classificação de delito e a denúncia de
Lobato, enquadrando-o no artigo 3o,
inciso 25 do Decreto-lei 431/1938
conhecido como Lei de Segurança Nacional
, que punia com penas de 6 meses a 2 anos de
prisão quem injuriasse "os poderes
públicos, ou os agentes que o exercem, por meio
de palavras (...)".
15/3/1941
O major Ibá Jobim Meirelles, chefe de gabinete
do presidente do CNP, faz chegar às mãos do
coronel Scarcela Portela, superintendente de
Segurança Política e Social de São Paulo,
carta reservada alertando que acabava de ser
informado da intenção de Lobato de fugir para a
Argentina via Mato Grosso.
18/3/1941
O Tribunal de Segurança Nacional decreta a
prisão preventiva de Lobato. No dia seguinte o
escritor é novamente preso, levado à DEOPS e,
de lá, à Casa de Detenção.
8/4/1941
No primeiro julgamento, o juiz Augusto Maynard
Gomes absolve Lobato e, como era praxe, recorre
à instância superior. O escritor permanece
preso.
Assim
que toma conhecimento do resultado,
Lobato escreve ao general Horta Barbosa e
agradece: "Passei nesta prisão,
General, dias inolvidáveis, dos quais me
lembrarei com a maior saudade. Tive o
ensejo de observar que a maioria dos
detentos é gente de alma muito mais
limpa e nobre do que muita gente de alto
bordo que anda à solta". 19/4/1941
No dia do aniversário de Vargas,
Monteiro Lobato lhe envia, da cadeia,
carta em que, ironicamente, sugere a
criação de uma Companhia Nacional de
Petróleo nos moldes da recém fundada
Companhia Siderúrgica Nacional, em Volta
Redonda. E, referindo-se ao CNP, apontava
os benefícios da medida: "O
general-comandante desse Conselho e os
mais membros que o compõem, caso
empregados como combustível nas
fornalhas das sondas, darão para mover
as máquinas por uns dois ou três dias
vantagem que positivamente não é
de se desprezar".
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20/5/1941
O novo julgamento do Tribunal de
Segurança Nacional reforma a primeira
sentença e, por unanimidade, condena
Lobato a seis meses de prisão. 17/6/1941
Após passar três meses na cadeia
Monteiro Lobato é indultado por Getúlio
Vargas. O escritor ganha a liberdade, mas
a imprensa, sob censura, é proibida de
noticiar o fato.
28/6/1941
Baseado em parecer do procurador
Kruel de Morais - para quem os livros do
criador do Sítio do Picapau Amarelo
predispunham a "doutrinas perigosas
e práticas deformadoras do
caráter" -, o Tribunal de
Segurança Nacional encaminha ofício ao
Chefe de Polícia de São Paulo mandando
apreender e destruir os exemplares de Peter
Pan, do escritor J. M. Barrie, em
adaptação de Lobato.
Agosto de 1941
Getúlio Vargas é eleito para a Academia
Brasileira de Letras.
7/12/1941 O Japão
bombardeia a base norte-americana de
Pearl Harbour.
1942 -
Lançamento de A chave do tamanho.
Traduções: Adeus às armas, Lincoln,
Somente nesse dia, Máquinas da
democracia, História da
civilização e Uma folha na
tempestade.
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28/1/1942 Em resposta
ao afundamento de navios brasileiros
pelos alemães, o governo anuncia o
rompimento das relações com a Alemanha
e Itália. Em 31/8 é declarado estado de
guerra em todo o território nacional.1943 -
Lançamento de Urupês, outros contos
e coisas e do volume comemorativo do
jubileu de Urupês, ilustrado por
Paim. Traduções: Memórias
(André Maurois), Piloto de guerra,
Noite sem lua, A construção
do mundo, Um mundo só, Mágica
em garrafas.
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13/2/1943
- Morre em Tremembé, município paulista
vizinho a Taubaté, seu filho Edgard. "Estou
condenado a ser o Andersen desta terra -
talvez da América Latina, pois contratei
26 livros infantis com um editor de
Buenos Aires". São Paulo,
28/3/1943.
Maio de
1943 - Criado por Edgard Cavalheiro e
Carlos Lacerda, vai ao ar, pela Rádio
Gazeta em São Paulo, o programa No
sítio do Picapau Amarelo.
1944 -
Lançamento de A barca de Gleyre,
última obra de Lobato na Companhia
Editora Nacional. Traduções: A queda
de Paris e O nazareno.
Escreve, sob encomenda do Café Jardim, Um
sonho na caverna, álbum de
figurinhas ilustrado por J. U. Campos. A
Editora Brasiliense publica Os doze
trabalhos de Hércules.
Outubro
de 1944 - Lobato recusa sua indicação
para a Academia Brasileira de Letras,
proposta por Cassiano Ricardo e Menotti
del Picchia. "Só serei 'imortal' se
puserem esse grande gênio fora de lá a
pontapés", diria, referindo-se a
Getúlio Vargas.
1944 Peron chega ao
poder na Argentina.
2/1/1944
Por achar incoerente a política
norte-americana de apoio à ditadura
Vargas, enquanto combatia na Europa o
nazi-fascismo, Lobato rompe com a União
Cultural Brasil Estados Unidos.
2/7/1944 Parte para
Itália, para lutar junto às forças
aliadas, o primeiro escalão de soldados
da Força Expedicionária Brasileira
(FEB).
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